quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saúde e natureza em um parque natural urbano

O Parque Natural Municipal da Freguesia (P.N.M.F.), mantido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, é um lugar propício para a prática de atividades físicas e conversas informais.

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Com uma área de 30,31 hectares de mata atlântica, o Bosque da Freguesia, que recebe aproximadamente mil pessoas por dia, no mês passado recebeu um total de 26 mil pessoas, cerca de 70 % de idosos, com horário de funcionamento de 7h as 17h, com entrada franca, e acessos pela Avenida Tenente Coronel Muniz de Aragão s/nº e pelo estacionamento do Rio Shopping na Gabinal nº 313. Além da beleza natural exuberante e a sensação de estar respirando ar puro, existe também o trabalho voluntário de professores de ioga, tai chi chuan, ginástica, meditação e várias outras atividades para os idosos interessados.

O bosque conta também com 2,5 Km de trilhas, uma quadra poliesportiva, um campo society, a sede da Administração, três áreas de lazer infantil, quatro praças de estar, auditório, duas guaritas e três telefones públicos, dois bicicletários para um total de 18 bicicletas. Tudo isto é vigiado pelo GDA (Grupamento de Defesa Ambiental), além da empresa de segurança patrimonial terceirizada mantida também pela prefeitura.

A fauna e a flora contam entre outras coisas com algumas árvores de Pau-Brasil, caxinguelês nativos (esquilos), micos (onívoros, predadores implacáveis, trazendo desequilíbrio ecológico ao parque), lagartos Teiú nativos, sapos, rãs, pererecas, insetos e aves. A administração é mantida pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, que mensalmente recebe um relatório com todas as atividades realizadas no bosque. "A gente depende muito da prefeitura e lidar com o povo é complicado. Não existe o agrado cem por cento, os interesses são diversos". Relata o administrador do local, Márcio Carazza, que está no cargo há seis meses.

Esta área de mata atlântica fazia parte de uma antiga fazenda, propriedade de Joaquim Catramby. Uma das poucas chácaras remanescentes de Jacarepaguá, a fazenda se destacava na cidade do Rio de Janeiro por sua intensa produção agrícola, através do trabalho escravo. O local também servia de depósito de leprosos, loucos e doentes, além de receber hóspedes como um lugar de veraneio. A sede, construída em 1978, após a morte do antigo proprietário, foi demolida em 1988, e a Dirija Distribuidora de Veículos S.A. comprou as terras do atual Bosque da Freguesia.

No ano de 1989, o movimento comunitário da Freguesia com uma série de passeatas e reivindicações contra o loteamento da área e com o auxílio de políticos, através da prefeitura, conseguiu o tombamento como área de proteção ambiental através da Lei nº 1.512 de 20 de dezembro de 1989, mas esta lei foi vetada pelo então prefeito Marcello Alencar, mas no dia 11 de dezembro de 1992, através do decreto municipal 11.830, que regulamenta a lei anterior, oficializa o local como Área de Proteção Ambiental. No dia 19 de fevereiro de 2003 o decreto municipal nº 22.662 constitui a área como Unidade de Conservação Ambiental e devolve o antigo nome de Bosque da Freguesia ao local, para adequar a Lei Federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000 e o decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002 no SNUC (Sistema Nacional de Unidade de Conservação).

O movimento ambientalista e comunitário da Freguesia, no ano de 1989, mobilizou-se contra a ameaça de loteamento e construção civil dentro do bosque, última área de mata atlântica do bairro, de propriedade da Dirija Distribuidora de Veículos S.A. A Amaf (Associação de Moradores e Amigos da Freguesia), AMJU (Associação de Moradores e Jardim Urussanga) e o Grude (Grupo de Defesa Ecológica) procuraram o vereador Alfredo Sirkis, que participou ativamente das mobilizações e apresentou um projeto de lei para tombar o bosque como área de proteção ambiental.

O projeto foi aprovado pela Câmara dos Vereadores, mas foi vetado pelo então prefeito Marcelo Alencar (por razões técnicas). A Câmara pressionada por uma intensa mobilização derrubou o veto. A lei foi promulgada, mas a Dirija obteve uma vitória na justiça reconhecendo a validade da licença de construção que obtivera. O prefeito da época Marcello Alencar decidiu apoiar a mobilização do vereador Sirkis e das entidades envolvidas e não permitiu que a obra fosse iniciada.

Com isso, o bosque ficou fechado e começou a sofrer um processo degradação, com roubos de areia, incêndios, desova de cadáveres, refúgios de assaltantes etc.

Alfredo Sirkis iniciou uma negociação com a Dirija, com a participação de entidades locais para se chegar a um acordo. A discussão perdurou por um bom tempo até que chegaram a um acordo que a Dirija doaria à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro 85% da área total do Bosque, mas poderia construir, nos 15% restantes, sua concessionária e um shopping (Rio Shopping, Estrada da Gabinal nº 313).

O local mantido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente é um símbolo de luta ambiental para o bairro da Freguesia, políticos, moradores e ONG's envolvidas. A Ong Grude (Grupo de Defesa Ecológica) pretende transferir sua biblioteca ecológica para o parque.


Um apaixonado pelo que faz


O administrador do Bosque da Freguesia, Márcio Carazza, verdadeiramente um apaixonado pelo meio ambiente, disse que esta paixão lhe foi passada de forma hereditária, ou seja, a sua família, através do seu bisavô italiano
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Imigrante no Brasil, tinha este sentimento e passou para outras gerações. Em um momento nostálgico, Márcio Carazza deixou escapar: "Já é de família" - relembrando momentos felizes da sua infância."

Com formação em técnica agrícola no ano de 1969, mas na época não conseguiu emprego de imediato na área desejada, e foi trabalhar em outras áreas, quando só mais tarde veio a trabalhar na área em que almejava. Trabalhou em fazendas do interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.

Veja abaixo uma entrevista com o
administrador do Bosque da Freguesia, Márcio Carazza:


No ano 2000 passou no concurso público promovido pela prefeitura do município do Rio de janeiro, para trabalhar nos parques naturais municipais como o Bosque da Freguesia, por exemplo, onde trabalha atualmente no cargo de administrador. O maior objetivo da administração é a preservação e a educação ambiental da área de Mata Atlântica, para favorecer as pesquisas.

O técnico agrícola demonstrou todo o seu amor ao meio ambiente: "Ou Deus ou o destino me presenteou com este local".

Você é o que você come?!

Arnaldo dos Santos, 75 anos, aposentado sergipano, que mora no Rio, trabalhou 23 anos como operador de máquina na Coca-Cola. Trabalhava muito e não tinha condição de praticar nenhum tipo de atividade física. Com isso, desenvolveu diabetes. Há quatro anos pratica corrida leve diariamente e conseguiu controlar sua doença. Atualmente, visita duas vezes por ano sua cidade natal e é um exemplo de vitalidade e iniciativa.

O aposentado não se vê sem a atividade física: "Não tem coisa melhor! Consegui controlar a diabetes com o auxílio da atividade física. Tudo fica melhor, a cabeça fica boa! Arnaldo dos Santos comemora sua vitória pessoal."

Quando o corpo atinge a maturidade fisiológica, a mudança degenerativa se torna maior que a taxa de regeneração celular, resultando em uma perda de células, que leva à diminuição da função orgânica. O envelhecimento é marcado pela progressiva perda da massa magra corporal e aumento do tecido adiposo, assim como mudanças de maior parte dos sistemas fisiológicos, tendo conseqüência a redução do metabolismo. Estas mudanças têm sido objeto de estudo e até especulação na busca de maior longevidade e um envelhecimento saudável. Todavia a boa nutrição e atividade física têm sido constatadas como os maiores responsáveis pela melhoria da qualidade de vida e saúde da população.


No envelhecimento há alteração no metabolismo do cálcio e vitamina D, acelerando a perda óssea e contribuindo para o desenvolvimento da osteoporose.

Pode haver também diminuição da tolerância à glicose, associada ao processo de envelhecimento, levando à deficiência de insulina. A diabetes pode ocorrer pela deficiência na produção de insulina (tipo I) ou na dificuldade da insulina em atravessar a barreira celular devido à má alimentação e obesidade (tipo II). Em diabéticos e obesos o exercício físico melhora a sensibilidade à insulina diminuindo as taxas de glicose sanguínea, o consumo de medicamentos, além de reduzir significativamente o excesso de peso corporal.


O idoso está mais sujeito a deficiências nutricionais devido a agudização de determinadas doenças, ocasionando o risco de deficiências de certos nutrientes, como vitamina B12, ácido fólico, ferro, vitamina A e vitamina C. Por outro lado, a manutenção da mesma quantidade de alimentos, usualmente ingerida na vida adulta, pode levar ao excesso de peso ou obesidade.

O exercício físico na velhice do homem moderno é a melhor opção por repercutir diretamente e em curto prazo na qualidade de vida e sensação de bem-estar. Está comprovado que o exercício regular diminui a pressão arterial de indivíduos portadores de hipertensão arterial e diminui os níveis de triglicerídeos e de LDL plasmáticos (fração ruim do colesterol) e, ainda eleva o nível de HDL plasmático (fração boa do colesterol).

O exercício contribui também na prevenção de quedas através de diferentes mecanismos: fortalece músculos, melhora reflexos, a flexibilidade, mantém o peso corporal, melhora mobilidade e diminui o risco de doenças cardiovasculares.

Um idoso, de modo geral, necessita de menos calorias do que o adulto. Isto significa que para manter o peso na faixa de normalidade é necessário reduzir a quantidade total de alimentos ingeridos mantendo alimentos como cereais, frutas, verduras e legumes, que são ricos em fibras, vitaminas e sais minerais. Principalmente alimentos antioxidantes, como brócolis, tomate, cebola , alho, cenoura, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor e as frutas em geral, eficazes no combate aos radicais livres (substâncias que agem negativamente em nossas células). Aumentar a ingestão de líquidos a fim de manter o corpo sempre hidratado e estimular o bom funcionamento intestinal. A hidratação é fundamental para quem pratica atividade física.



Nos idosos o problema é a redução da sede. Para esse grupo, nutricionistas receitam, no mínimo, um litro e meio de água por dia, principalmente refrescos naturais e sucos. O professor Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, coordenador de doutorado em Ciências do Esporte da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que as pessoas tendem a negligenciar a sede: "A desidratação altera respostas fisiológicas, sobrecarrega o sistema cardiovascular e prejudica as funções do cérebro. Há até risco de coma e morte. enfatizou Rodrigues."

A boa alimentação, além da função de nutrição, fornece prazer e conforto, devendo ter boa apresentação e tempero adequado. Os médicos e nutricionistas recomendam cinco a seis refeições diárias, em pequenos volumes e variações de alimentos.


Envelheça de forma saudável com as artes milenares


Existem diversas práticas orientais que se difundiram por todo mundo e contribuem significativamente para a melhoria da saúde física e mental. As professoras Ada (Tai chi chuan) e Virgínia do Nascimento (ioga) acreditam que o Tai Chi chuan e a Ioga são as artes milenares mais praticadas e ajudam a retardar o processo de envelhecimento com o binômio corpo e mente sadios.

A arte milenar chinesa do Tai chi chuan se espalha por todo o mundo. Grupos se dedicam aos movimentos lentos, embalados ou não por músicas tradicionais chinesas, que muitos consideram um exercício de baixo impacto tão eficiente quanto a ioga, com um benefício extra de permitir um amento no poder de concentração e de servir ainda como relaxante contra estresse.



"Pois são exatamente estes benefícios que estão ajudando em tempos modernos a rejuvenescer o Tai chi chuan nas grandes cidades, num momento em que muitos já consideravam a milenar arte marcial um exercício fadado ao esquecimento, substituída pelas academias crescentes em todo mundo." Ressaltou a professora Ada.

"O Tai chi chuan, que sempre esteve ligado à medicina tradicional chinesa, aliando conceitos de bem estar físico e mental – e cujos benefícios se concentravam basicamente em melhorar o senso de equilíbrio e flexibilidade, junto com uma melhora no sistema cardiovascular – passou a ser estudado pela medicina ocidental, que descobriu outros efeitos benéficos." Explicou a professora.

A prática é comprovadamente eficaz na melhoria das funções respiratória e cardiovascular e no combate a problemas tão diferentes quanto a artrite, estresse, insônia, depressão e pressão alta.

Assim como o Tai chi chuan, a ioga também traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental.

Veja abaixo uma entrevista com a professora de Ioga
Virgínia Leite:

"A ioga é uma antiga filosofia de vida que se originou na Índia e significa literalmente união, pois integra corpo e mente". Explicou Virgínia.

A ioga induz a um profundo relaxamento, tranqüilidade mental, concentração, clareza de pensamento e fortalecimento do corpo físico Ioga é um conjunto de técnicas que ensinam a administrar melhor o patrimônio de saúde, vitalidade e expectativa de vida.

"Seus praticantes vêm buscar efeitos terapêuticos ou simplesmente fazê-lo por prazer, como se pratica qualquer modalidade esportiva ou artística. Através de exercícios posturais e respiratórios, a atividade beneficia a coluna vertebral, o sistema nervoso, endócrino, respiratório e circulatório, melhorando a qualidade de vida." Concluiu a professora de ioga.

Mente sã, corpo são

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 10 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, o que equivale a 7% da população. Se a tendência se mantiver, serão 32 milhões de idosos em 2025, ocupando o sexto lugar no contexto mundial.

Em suma, o Brasil é um país em processo de envelhecimento, e é preciso conscientizar as pessoas sobre questões que vão desde a prática de atividade física, cuidados com a alimentação e a saúde corporal, até ocupação social, lazer e entretenimento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a terceira idade, ou a melhor idade, começa aos 60 anos. Esta idade serve apenas como um parâmetro de pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende de três fatores principais: biológico, psíquico e social. Estes fatores farão toda a diferença entre envelhecer bem, com saúde, qualidade de vida, ou então, envelhecer de forma doente e triste.

Maria de Jesus, 77 anos, uma senhora que nasceu no Maranhão e foi criada no Piauí, costureira autônoma, morava em Realengo, mas por iniciativa das suas duas filhas Lilia de Mattos e Artemise Pedreira, mudou-se para o bairro da Freguesia, após orientação médica que lhe aconselhou a praticar exercícios físicos e também o contato com outras pessoas. O quadro clínico dela estava piorando a cada dia, ela apresentava doenças como depressão, artrose e Mal de Alzheimer. Apesar de estar freqüentando o local há pouco tempo, as suas duas filhas disseram que ela já apresentou melhoras consideráveis. " Ela é mais feliz. Dá para perceber a vitalidade no rosto dela, graças a Deus e as atividades fisícas"

Cada pessoa tem fatores genéticos e biológicos diferentes, por isso não se pode aplicar uma fórmula mágica para que todos envelheçam com saúde. Mas é comprovado cientificamente que a atividade física, aconselhada por um médico e orientada por um especialista, é fundamental para quem busca qualidade de vida na terceira idade. Aliás, a busca pela longevidade e a tentativa de retardar o envelhecimento das células é um objetivo e uma preocupação da sociedade moderna, com várias pesquisas sendo realizadas na área.

A expectativa de vida e a população de idosos vêm aumentando em vários países do mundo. Isso não é mais novidade, só que nem sempre viver muito significa viver bem, e mais do que se preocupar com a longevidade os organismos governamentais e a sociedade organizada devem hoje concentrar esforços em possibilitar a qualidade deste envelhecimento.